sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Espíritos - parte IV

A armadilha

     Sabe quando você não se sente com ânimo para fazer algo, mas, uma força maior te leva a agir exatamente ao contrário?
     Eu não tinha a menor intenção de ‘curtir’ à noite, queria ficar em casa, assistir TV e dormir cedo. No entanto, acabei saindo com umas amigas, por insistência delas.
     Depois de certo tempo no barzinho, após algumas bebidas, minha atenção foi chamada por alguém sentado no outro lado do bar. Ainda não havia visto o seu rosto. Porém, não conseguia parar de olhar em sua direção. Algo em seus gestos era com um imã, para mim. Enquanto pensava nisso, um amigo de uma das meninas parou ao lado de nossa mesa e nos ofereceu uma bebida, em nome de seu amigo que gostaria de me conhecer. Perguntou-me se eu poderia ir até sua mesa. Já ia respondendo que não e neste momento o rapaz misterioso virou-se e eu entrei em pânico. Senti-me como se rodopiasse pelo ar. O sonho me veio à mente: a montanha, o caminho, o belo. De qualquer forma algo me dizia que não deveria ir, mas fui. Não resisti. Não consegui resistir.
     Como se atraída por um poderoso imã, caminhei em sua direção. Ele se levantou, recebendo-me com o sorriso mais encantador do mundo. Era difícil manter o alerta, mas também, era impossível ignorá-lo.
Ele ia falando sobre vários assuntos, só que eu não conseguia ouvir nada. Apenas percebia aquele sutil sorriso e seus olhos fixados nos meus. Sabia que deveria ir embora, deveria me distanciar. Sentia o perigo e não conseguia me desvencilhar daquela magia que impregnava o ar e me envolvia.
     A única coisa que entendi era o fato de ele ser novo na cidade, não tinha parentes vivos, não tinha vínculos com ninguém. O amigo que estava com ele era recente. Conheceram-se num acidente de carro no qual lhe deu auxílio, socorro. A gratidão do outro foi tamanha que resolveu apresentar-lhe a cidade.
     E, ali estava, olhando para mim como se eu fosse a jóia mais preciosa do mundo. Percebi que ele queria me tocar o rosto. Era visível o desejo de seus olhos penetrantes. Sentia repulsa e ao mesmo tempo atração. Sentia medo dele e ao mesmo tempo, a pessoa mais segura do universo.
     Num determinado momento, ele se levantou e me deu a mão numa reverência quase medieval. Sem pensar retribui o gesto e sem qualquer resistência o acompanhei. Tive a impressão de navegar em meio às estrelas que ponteavam o céu, de mergulhar no mais profundo dos oceanos. Fui levada por uma brisa fresca e perfumada que se transformava em uma nevasca densa de sedução.  
     Deixei que me fizesse sua naquela noite. Deixei que me envolvesse em seus encantos e fui tomada por intensa magia. O prazer nos fazia vibrar, o instinto mais primitivo era palpável. Caí num turbilhão de emoções, sentia-me confusa, sentia prazer e queria mais. Nesta noite, nesta única noite, ele me fez parte dele. Tomou-me para si.
     Acordei em minha casa, despertada por uma gargalhada gutural, assustadora. O desespero tomou conta da minha mente e percebi que jamais seria a mesma.
     
                                                              Continua... ( a última parte deste conto será publicado hoje, 13/01/12 às nove horas da noite, não deixem de ler )

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