Pois bem, já estava cansada de visitas inesperadas. Ainda mais
sendo de onde nem sei. Ou o quê realmente elas são, ou quem as mandou.
Se é que tem como mandar em coisas assim, se há como elas serem
mandadas. Tinha dúvidas de sua origem, portanto, não me sentia tão
animada em recebê-las. Apesar de toda a minha curiosidade, algo em mim
se recusava a gostar e me sentir satisfeita a ponto de atingir o êxtase com o
'fato'. Me sentiria uma pecadora se gostasse, se sentisse prazer com
isso.
Gostaria de ter coragem para estudar o assunto. Porém, não
queria ser cobaia de mim mesma e nem de outros. Fiquei calada no que se
referia a minha curiosidade. Quando acontecia de eu comentar com alguém, o
fazia demostrando pleno controle sobre o 'fato'. Uma coisa era certa,
acabava quando eu dizia que não queria mais. Este foi o engano, me foi
dada a impressão de ser algo não-ruim.
De qualquer forma, filha do meu pai e da minha mãe que sou, aprendi a
desconfiar de tudo, de todos. Assim, não entreguei os pontos. Eu confio
em mim e olhe lá. Então veio o golpe baixo. Semanas, meses de ausência e
sem esperar a tranquilidade. Numa noite como outra qualquer do passado,
presente e do futuro, eu tive um sonho. Um sonho revelador, encantador e
- não se esqueçam, misterioso. O mistério me encanta, como se tivesse
perfume de flores de um jardim mais que suspenso. Cheio de cores e
sabores. Repleto de magia, sedução.
Havia um caminho em volta de uma montanha e pessoas que o pegavam
por trilha. Era como num desenho. Este caminho circulava toda a imensa
montanha rochosa e quanto mais andávamos mais o caminho se estreitava.
Éramos um grupo formado por homens e mulheres. Na metade do percurso,
quando a metade exata do grupo já havia avançado tal trecho, chegou a
minha hora de passar e foi quando o vi pela primeira vez.
Alguém, aos meus olhos muito formoso, belo. De rosto iluminado. A
força da beleza era pulsante em meus poros. Era difícil desviar o olhar.
Fui tomada da mais incrível emoção da minha vida. E eu o amei naquele
instante com toda a força de minha vontade que nem sabia existir.
Tudo ocorrendo em milésimos de segundos e parecendo uma eternidade.
Era como se eu visualizasse toda a vida que ainda não havia vivido. Uma
ânsia imensa de algo desconhecido por alguém que me era desconhecido. Eu
sabia que era um sonho e ele também. Então me disse que eu não me
lembraria dele nem do sonho até o dia em que o conhecesse de verdade. E,
ao lembrar do sonho, saberia que era ele.
Quando eu acordei, sabia que sonhara com algo importante, a
sensação de pleno prazer estava aqui, latente. Eu só não sabia que, apesar
de ser verdadeiro e mútuo o sentimento, a fraqueza faria do mesmo uma
armadilha cinco anos mais tarde.
continua . . .
assim vc me mata de curiosidade
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