Cai na real e confessa.
Foi você, eu sei que foi. Chegou de mansinho, sem nada dizer.
Foi se instalando, se aprochegando e se apoderando de todo o
espaço.
De repente, tudo mudou. As transformações ocorreram, os horizontes
se
modificaram, nem somos mais os mesmos. Parece que nada será como
antes e,
talvez, fique tudo igual. Ou seja, confuso. Confusão foi uma das
coisas que
trouxeste. Não precisa se esquivar, não
precisa confessar.
Nem tente se defender. De nada vai adiantar apoair-se em
devaneios,
alusões e ilusões.
Eu sei que foi você.
Derrubou o mundo, levantou ideais. Quebrou muros e cancelas.
Construiu argumentos. Fez brotar lágrimas e multiplicou sorrisos.
Os pés
rodopiaram, os quadris balançaram. Os braços festejaram e
a cabeça, hum... A
cabeça saltitou inebriadamente perdida. Pois, trouxeste,
também, a perdição.
Ah, esse mundo que, agora, se apresenta! Tão sem nexo que até
faz
sentido. Tão cheio e solitário. Tão cantante de silêncio. Tão tudo e tão
nada.
Esse mundo que, agora, se apresenta traz consigo novidades
perturbadoras.
Quando a fortaleza se ajoelha, alegremente, frente ao
desconhecido, faz
desmoronar toda a vontade mais arraigada de juízo.
Juízo pra quê se você existe, se você chegou e trouxe a vida,
o calor,
o sabor, a magia?
Juízo pra quê se gosto de você, Paixão?
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